Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Santos Dumont (ISD) desenvolveram um equipamento inovador que promete auxiliar no tratamento de enxaquecas, zumbidos no ouvido, disfunção autonômica cardíaca, epilepsia e até diabetes.
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Chamado de “Eletroestimulador Auricular do Nervo Vago com Sensor de Frequência Cardíaca Incorporado”, o dispositivo é acoplado ao ouvido e funciona de forma semelhante a um aparelho auditivo — mas, em vez de amplificar sons, realiza estimulação elétrica não invasiva do nervo vago.
Equipamento inteligente e seguro
O sistema foi projetado para ser uma terapia complementar, ou seja, usado junto com o tratamento medicamentoso. Segundo o pesquisador Jason Azevedo de Medeiros, o diferencial está na integração com um sensor de eletrocardiograma (ECG), que monitora a frequência cardíaca em tempo real.
Se o coração ultrapassar ou cair abaixo de determinados batimentos por minuto, o aparelho interrompe a estimulação, garantindo segurança e controle personalizados. Essa tecnologia é considerada um avanço frente aos estimuladores convencionais, que não oferecem essa função de proteção.
Design anatômico e baixo custo
O protótipo do equipamento foi impresso em 3D para garantir conforto e encaixe anatômico no ouvido. Leve, dobrável e com baixo custo de produção, o aparelho pode ser usado em clínicas ou na própria residência do paciente, com baixa manutenção e fácil adaptação.
O design e o software foram desenvolvidos pelo inventor Amon Gonçalves de Melo Neto, que destacou que o dispositivo permite uso prolongado sem desconforto.
Aplicações em pesquisas com HIV
O projeto é resultado de estudos do doutorando Jason Medeiros, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFRN. Ele explica que a ideia surgiu durante uma pesquisa com pessoas vivendo com HIV, onde houve dificuldade em encontrar equipamentos acessíveis e seguros.
A partir dessa lacuna, nasceu a proposta de um dispositivo de baixo custo, voltado para a aplicação clínica e a pesquisa científica.
Inovação acadêmica e patente
A invenção já teve pedido de patente depositado e conta com colaboração de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da UFRN. O projeto é vinculado ao grupo de pesquisa Atividade Física e Saúde (Afisa), coordenado pelo professor Paulo Dantas, que destaca o papel da universidade na transferência de tecnologia e inovação social.
“O processo de patenteamento transforma conhecimento científico em inovação prática, com impacto direto na sociedade”, ressalta Dantas.
