A Justiça do Rio de Janeiro aceitou, nesta quinta-feira (19), o pedido de recuperação judicial da Americanas (AMER3). A varejista alega ter dívidas de R$ 43 bilhões com mais de 16 mil credores – a lista deverá ser entregue pela companhia em até 48 horas.
“Trata-se de uma das maiores e mais relevantes recuperações judiciais ajuizadas até o momento no país, não só por conta do seu passivo, mas por toda a repercussão de mercado que a situação de crise das requerentes vem provocando e, por todo o aspecto social envolvido, dado o vultoso número de credores, de empregados diretos e indiretos dependentes da atividade empresarial ora tutelada, bem como o relevante volume de riqueza e tributos gerados”, escreveu o juiz Paulo Assed, que aprovou a petição entregue mais cedo.
O juiz também determina a intimação para que os bancos cumpram a decisão cautelar da semana passada, que suspendeu a possibilidade de cobrança de dívidas da empresa pelo prazo de 30 dias. Agora, a empresa terá 60 dias para apresentar o seu plano de recuperação judicial e para demonstrar a sua viabilidade econômica.
Em fato relevante apresentado aos acionistas, o diretor de Presidente de Relações com Investidores, João Guerra, adotou um tom de cautela e de compromisso para conter danos maiores.
O total dos créditos listados nos documentos protocolados com o pedido de recuperação judicial soma, nesta data, aproximadamente R$ 43 bilhões. “A administração da companhia pretende tomar as providências e adotar os atos necessários à efetivação do pedido de recuperação, em todas as jurisdições nas quais tais medidas sejam necessárias”, explica Guerra.
“Como é notório, a Americanas não é uma simples empresa de varejo, é muito mais do que isso, e sempre fez jus ao seu slogan “TUDO, A TODA HORA, EM QUALQUER LUGAR”. A Americanas é parte da vida do povo brasileiro. Tanto é que vai até mesmo onde o Poder Público não tem meios de alcançar, ao realizar serviços de coleta e entrega de produtos nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, por meio do programa na Porta”, diz a ação impetrada pelos advogados da companhia.
Na semana passada, as ações da empresa Americanas despencaram, após o anúncio de rombo estimado em R$ 20 bilhões, com data-base de 30 de setembro de 2022. O diretor-presidente Sergio Rial e o diretor de Relações com InvestidoresAndré Covre, empossados em 2 de janeiro deste ano,renunciaram aos cargos depois da divulgação do comunicado.
Na terça-feira (17), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou a Americanas sobre as inconsistências de ao menos R$ 20 bilhões encontradas em lançamentos da empresa.
Bloqueios
A Justiça do Rio de Janeiro reverteu decisão que protegia a Americanas (AMER3) de ser cobrada pelo BTG Pactual (BPAC11) sobre dívida de R$ 1,2 bilhão com o banco, segundo documentos obtidos pelo SBT News. Desta forma, o valor ficará bloqueado até que a recuperação judicial da varejista seja tomada.
SBT News