A Americanas, que está em processo de recuperação judicial, encerrou o serviço de vendas por telefone. Sindicatos temem um efeito dominó, caso uma onda de demissões comece na companhia.
O aviso aos clientes da Americanas é um dos primeiros reflexos da recuperação judicial, que está apenas no começo. Nesta terça-feira (31), 50 prestadores de serviço de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre foram demitidos.
Estes terceirizados já tinham sido colocados em férias. Com a piora na crise da varejista, fornecedores decidiram reduzir o quadro em definitivo.
“Nos preocupa, e preocupa muito, porque pode ter consequências não só nas lojas físicas, onde são 45 mil pessoas que trabalham, mas tem, na cadeia de produção, as empresas metalúrgicas pequenas que fornecem mercadorias”, afirma Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores.
Representantes dos funcionários pediram, na semana passada, o bloqueio na Justiça de R$ 1,5 bilhão, mas a Justiça não acatou o pedido. Há uma boa notícia pelo menos: o pagamento dos salários de janeiro já caiu na conta, segundo os sindicatos.
Os empregados temem ainda o fechamento de parte das 1.700 lojas. Uma delas, em Santa Bárbara d’ Oeste, no interior paulista, é alvo de um pedido de despejo por falta de pagamento, movido por uma administradora de shopping centers.
Além disso, a Americanas entrou com um pedido na Justiça para obter a manutenção dos serviços de luz, água e esgoto enquanto o processo se desenrola.
Uma possibilidade discutida pelos especialistas e sindicatos dos trabalhadores é a venda de outras empresas em boa situação financeira do grupo. O conglomerado é dono, por exemplo, da maior rede varejista brasileira de hortifruti, lojas de conveniência, um dos maiores canais de TV de vendas para artigos de casa da América Latina e um dos principais e-commerce do país. A venda desses ativos pode capitalizar a companhia e diminuir as dívidas com fornecedores e funcionários.
“Os recursos, se vendidos, com certeza absoluta ajudariam as lojas Americanas, diminuída, conseguir fazer com que as lojas físicas não fossem fechadas e os funcionários continuassem trabalhando”, diz Ricardo Patah.
SBT News