O presidente da Argentina, Javier Milei, enviou uma carta ao Papa Francisco pedindo para que ele visite a Argentina e ajude na pacificação e humanização do país. “Acredito que sua viagem trará frutos de pacificação e de fraternidade de todos os argentinos, ansiosos por superar nossas divisões e confrontos”, escreveu Milei. “A sua presença e a sua mensagem contribuirão para a tão desejada unidade de todos os nossos compatriotas e nos proporcionarão a força coletiva necessária para preservar a nossa paz e trabalhar pela prosperidade e alargamento da nossa querida República Argentina.”
Em 2020, Milei chegou a ofender o Papa durante uma entrevista a uma emissora de TV; Além de descrevê-lo como “o representante do maligno na Terra, ocupando o trono de Deus”, disse que Francisco é “imbecil” e “comunista”. Em setembro do ano passado, a Igreja Católica fez uma missa de apoio ao Papa e desagravo a Milei. Nos debates eleitorais, o então candidato reconheceu o erro e disse já ter pedido desculpas a Francisco, mas o Vaticano não confirmou a informação.
Quando foi eleito, Milei recebeu um telefonema do papa.
Leia a íntegra da carta:
“Santo Padre,
Agradeço seu telefonema muito significativo em 22 de novembro, após minha eleição como Presidente. Valorizo os seus sábios conselhos e os seus votos de coragem e sabedoria para mim, tão necessárias para enfrentar o desafio de dirigir os destinos do nosso País e dos nossos concidadãos.
Pessoalmente, as suas palavras foram um gesto de encorajamento, além de fortalecerem a minha convicção sobre a urgência de transformar a realidade que o nosso país atravessa para garantir a paz e a prosperidade, através das reformas sociais e políticas tão necessárias.
Aproveito também esta oportunidade para agradecer a participação da Santa Sé na cerimónia da minha posse como Presidente da Nação, no dia 10 de dezembro, enviando o Núncio Apostólico no Chile, Monsenhor Alberto Ortega Martin, como seu Representante.
Santidade, nós, argentinos, vivemos momentos de aflição e esperança. Observamos à nossa volta como a pobreza, com as suas diferentes faces e consequências, atinge metade dos nossos compatriotas. A nossa economia encontra-se num estado crítico e devem ser adoptadas medidas urgentes para evitar uma catástrofe social com consequências dolorosas.
Tendo em mente o seu conselho para ter a sabedoria e a coragem necessárias, nas minhas primeiras semanas de mandato passei a propor uma série de medidas governamentais destinadas a transformar a situação que a República Argentina vive há décadas.
Estamos conscientes de que estas decisões podem aprofundar as desigualdades, por isso a nossa principal prioridade é proteger os nossos compatriotas vulneráveis, agradecendo a colaboração da Igreja Católica, cuja acção no campo social é inestimável.
Você sabe bem que não precisa de convite para vir à sua querida Argentina. Correndo o risco de dizer o desnecessário, convido-vos a visitar a nossa querida Pátria, de acordo com as datas e locais que nos forem indicados, tendo presente o desejo geral das nossas cidades, províncias e vilas de contar com a Sua presença e transmitir o seu carinho filial.
Como Presidente da Nação Argentina, acredito que sua viagem trará frutos de pacificação e de fraternidade de todos os argentinos, ansiosos por superar nossas divisões e confrontos.
A sua presença e a sua mensagem contribuirão para a tão desejada unidade de todos os nossos compatriotas e nos proporcionarão a força coletiva necessária para preservar a nossa paz e trabalhar pela prosperidade e alargamento da nossa querida República Argentina.
Eu sei que o tempo é curto. Mesmo assim, espero que possa viajar para alegria geral de todo o povo argentino. Reitero a Sua Santidade os protestos da minha mais elevada consideração e respeito pelo seu trabalho e pela sua pessoa.”
Um mês no cargo
O presidente argentino Javier Milei completou um mês no cargo nesta quarta-feira (10). Desde que assumiu, ele tentou passar várias reformas de uma só vez, apesar de estar em minoria no Congresso.
Milei tenta obter mais poder para governar e desviar a limitação parlamentar, mas o presidente ainda pode enfrentar, nos próximos meses, a impaciência dos argentinos com a inflação alta.
No dia em que o presidente Javier Milei completou um mês no cargo, o governo argentino anunciou ter chegado a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). É uma recuperação do compromisso que ficou sem efeito por falta de cumprimento das metas pelo governo anterior.