O levantamento foi realizado pelos pesquisadores Luciano Da Ros, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Manoel Gehrke, da Universidade de Pisa, na Itália. Eles criaram o banco de dados HGCC (Chefes de Governo Condenados por Crimes, em inglês), que registra condenações criminais de ex-governantes desde 1946. No total, 128 líderes foram condenados, com 186 sentenças contabilizadas, e Bolsonaro passa a se juntar a ditadores e generais que atentaram contra a democracia.
Contexto histórico das condenações
Entre os líderes citados, estão Georgio Papadopoulos (Grécia, 1975), Luiz García Meza Tejada (Bolívia, 1993), Roh Tae-woo e Chun Doo-hwan (Coreia do Sul, 1996), Surat Huseynov (Azerbaijão, 1999), Juan María Bordaberry (Uruguai, 2010), Kenan Evren (Turquia, 2014), Pervez Musharraf (Paquistão, 2019) e Jeanine Áñez (Bolívia, 2022).
Anúncio. Rolar para continuar lendo. Conforme o estudo, condenações de chefes de Estado eram raras até 1970. Entre 1970 e 1990, ocorreram julgamentos principalmente por violação de direitos humanos e conspirações para derrubar governos. Já de 1990 a 2020, a corrupção se tornou o principal motivo das condenações. Ros e Gehrke destacam que sistemas democráticos tendem a responsabilizar líderes mais efetivamente, devido à pressão da sociedade civil e à autonomia das instituições.