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Direitos Humanos

O jornalismo sempre representou uma quebra de tabus, afirma Mel Almeida

Foto: Lara Carvalho/Ponta Negra News

Um sonho. Muitos desafios. A construção diária da realização desse sonho. Esses ingredientes fazem parte da história de Mellyssa Almeida, primeira mulher trans repórter do Rio Grande do Norte. “Desde a minha infância, eu carregava um sonho de ser apresentadora infantil. Eu era aquela criança que gostava de se comunicar, participava de tudo, que falava pelos cotovelos e, de alguma forma, tinha um dom natural para a comunicação”, relata Mel. Nesta segunda-feira (29) é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data que completa 20 anos de existência neste ano. O marco foi criado para conscientizar a população brasileira sobre os direitos e as condições de vida ainda vulnerável desse grupo social.

Hoje com 30 anos, Mel Almeida relembra o percurso para chegar até aqui e como faz para vencer as limitações impostas. “Meu caminho foi marcado por desafios e uma jornada de autodescoberta que me levaram a uma realidade inesperada. Cresci em Macau, uma cidade pequena do RN, onde os recursos eram escassos, e a realização de sonhos muitas vezes parecia um horizonte distante. Meus pais não podiam pagar uma faculdade, mas isso nunca me impediu de ser corajosa e determinada. Sempre fui desafiada, mas sempre me a recusava aceitar limitações impostas pelos outros. No ensino médio foi o mais díficil para mim e minhas amigas trans, muitos não acreditavam em mim, ouvi muitas vezes para eu desistir. Ou eu seria empregada doméstica ou cabeleireira. Eu guardei todas essas palavras e usei para mudar a minha realidade. Sou muito privilegiada, sempre tive o amor, a compreensão da minha família, e foi isso que me levou a caminhos que trilho hoje, eu tive o acolhimento da minha família que sonhou e sonha os meus sonhos”.

Atualmente cursando jornalismo, Mel segue trabalhando no objetivo de crescer na comunicação e alcançar ainda mais representatividade. “Me disseram que eu não iria me formar, eu fui lá e me formei, me disseram que eu não conseguiria trabalhar, eu fui lá e conquistei o meu lugar. Eu não sei o que é vitimismo, quando não existiam possibilidades, eu fui lá e criei oportunidades. O jornalismo, sempre representou uma quebra de tabus. Eu nunca vi alguém como eu na TV fazendo jornalismo autêntico. O máximo que via eram pessoas trans em papéis secundários ou fazendo comédia. Eu sempre sonhei em ser uma jornalista de verdade, alguém que pudesse informar, educar e inspirar”, explicou.

Em Macau, Mel Almeida já fazia matérias para uma emissora da cidade e em 2019 iniciou a carreira de repórter para a TV Futuro, afiliada à TV Cultura. Lá, ela começou a fazer coberturas ao vivo. “Ali estava ao vivo no horário nobre, realizando um trabalho que sempre pareceu um sonho distante. Realizei meu sonho, mas muito mais iria acontecer. Em novembro de 2023 tive a oportunidade de conhecer o Sistema Ponta Negra de Comunicação, e na oportunidade Micarla de Sousa me conheceu, falei sobre a minha história e uma semana depois estava na TV Ponta Negra realizando mais um sonho, pois a minha jornada não é apenas pessoal. A minha experiência inspira outras pessoas trans que enfrentam barreiras semelhantes e que através da minha história podem sonhar e se sentirem representadas. Hoje sou a primeira mulher trans repórter do Rio Grande do Norte, e não se trata apenas de um título, mas de representatividade, de referência, pois comigo vêm todas as meninas que sonham ou já sonharam em ser vistas, ser voz e ser alguém nessa multidão”, afirma.

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Foto: Arquivo Pessoal

“O jornalismo vem mudando e se adaptando à nova realidade, aos novos corpos e ao diferente. Sabemos que o preconceito ainda existe e é cultural, mas estamos vivenciando um mundo melhor e que a cada dia de minha vida lutarei para ocupar esse espaço e mostrar a minha voz”, finaliza Mel.

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