Um transtorno pouco conhecido até entre a classe médica brasileira atinge 2 em cada mil crianças no país. Trata-se da Apraxia de Fala na Infância (AFI), um distúrbio neurológico que afeta a produção dos sons da fala. Para dar voz a tantas crianças e familiares que sofrem com essa condição, foi criado o Dia da Conscientização da Apraxia da Fala na Infância, no dia 14 de maio. A data, já oficializada em vários países, aqui no Brasil é reconhecida em nove estados e 21 cidades no Brasil.
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“Agora, o nosso principal objetivo é fazer tramitar e ser aprovado no Congresso o projeto de lei federal (PL 1274/22) que inclui o dia da conscientização da Apraxia de Fala na Infância no calendário nacional. O projeto está parado, sem relatoria. Precisamos dar visibilidade ao transtorno para alertar pais e profissionais de saúde, de modo que mais crianças recebam o diagnóstico correto e possam ser tratadas”, afirma Mariana Chuy, uma das fundadoras da associação e mãe do Gabriel, 13 anos, diagnosticado com apraxia de fala.
Com o intuito de alertar o poder público, profissionais de saúde e a sociedade sobre a existência desse transtorno, três mulheres fundaram, em 2016, a Associação Brasileira da Apraxia da Fala na Infância (ABRAPRAXIA), cuja missão é promover ações que possibilitem às crianças com este diagnóstico alcançar seu melhor potencial. A associação conta com mais de 70 mil seguidores no Instagram e já capacitou mais de 23 mil pessoas, entre fonoaudiólogos, pais e familiares, além de oferecer cursos regulares sobre o transtorno.
Graças à mobilização da ABRAPRAXIA, os estados do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e os municípios de Betim, Buritizeiro, Blumenau, Chapecó, Cuiabá, Curitiba, Duque de Caxias, Fortaleza, Goiânia, Mauá, Natal, Piracicaba, Porto Alegre, Presidente Prudente, Rio de Janeiro, São Paulo, São Bernardo do Campo, Sertãozinho, Taubaté, Vila Velha e Vitória sancionaram a lei que reconhece o Dia da Conscientização da Apraxia da Fala na Infância.
De acordo com a Dra. Elisabete Giusti, fonoaudióloga com expertise em transtornos do desenvolvimento da fala e da linguagem, a apraxia atinge o planejamento e a programação das sequências de movimentos necessários para produzir a fala, pois o cérebro não envia os comandos adequados para os articuladores, dificultando a produção das palavras.
“A precisão e a consistência dos movimentos necessários para produzir os sons da fala estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares. É uma alteração funcional e que nem sempre é detectada em exames para o estudo do cérebro, como ressonância e tomografia”, explica Dra Elisabete.
O diagnóstico deve ser realizado por um fonoaudiólogo que possua experiência em transtornos de fala e de linguagem, incluindo os distúrbios motores de fala. O profissional será o responsável por avaliar o melhor tratamento. O transtorno pode acontecer em conjunto com outras comorbidades, por isso é fundamental que as crianças sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar.