Com a chegada de dezembro e o início do verão, o Brasil entra em um período de alerta para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. As condições climáticas típicas da estação, com calor e chuvas intensas, favorecem a reprodução do inseto e a disseminação dos vírus. Segundo Claudia Codeço, pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do InfoDengue, o calor acelera o ciclo de vida do mosquito e a replicação viral, aumentando o risco de surtos.
No verão passado, o país enfrentou uma das piores epidemias de dengue da história, com 6,5 milhões de casos prováveis entre janeiro e outubro, e 5.536 mortes registradas, segundo o Ministério da Saúde. No Distrito Federal, região com maior incidência no início de 2024, os números chegaram a 161.299 casos, quatro vezes mais que no ano anterior. Apesar da gravidade, Codeço acredita que a imunização natural da população contra os vírus mais circulantes, como dengue 1 e 2, pode reduzir o impacto nesta temporada. No entanto, o comportamento do vírus dengue 3, presente em algumas regiões, ainda gera incertezas.
A preparação para a nova temporada é mais robusta, conforme explica a pesquisadora. Ações como articulação intersetorial, reforço na vigilância e capacitação de municípios que antes não enfrentavam casos de dengue estão em andamento. Apesar do desafio, o otimismo se mantém. “Estamos mais preparados para enfrentar o próximo ano”, afirma Codeço, destacando o avanço nas estratégias de controle e monitoramento da doença.