A apresentadora do programa Chega Mais, do SBT, Michelle Barros, contou ao vivo nesta terça-feira (4) que sofreu abuso sexual na infância. “Eu fui abusada. Nunca falei desse assunto, só o meu filho sabe”, revelou a jornalista durante o programa, que abordava o tema.
Michelle conversava com especialistas, junto de Regina Volpato e Paulo Mathias, sobre a importância de pais e responsáveis ficarem atentos e reconhecerem sinais de abuso em seus filhos. A jornalista do SBT falou, então, sobre a situação sofrida e como isso a fez preparar o filho para não correr o mesmo risco.
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“Se a família fala desde cedo com a criança, fica mais fácil de você saber mais ou menos o que é. Como eu passei, eu falava o tempo inteiro para o meu filho: não deixa ninguém, nem seu pai, nem tia, nem tio, ninguém nunca tocar em você nesses lugares. Nunca! Isso é importante a gente falar para as crianças”, relatou.
O diálogo é um grande mecanismo de prevenção do abuso sexual infantil. Família e escola, onde crianças passam muito tempo, devem tratar sobre o corpo e o cuidado, reforçando quem pode ou não tocar nele.
“A gente pode trabalhar a questão da autopreservação das crianças e adolescentes, para eles entenderem que o corpo é deles e ninguém pode tocar sem que autorizem. E que há alguns toques que são estranhos, perigosos, e ninguém pode fazer essa abordagem, nem mesmo os pais”, afirma a psicóloga Amanda Pinheiro Said.
A apresentadora afirmou que só mais velha entendeu que tinha sido abusada. E é o que acontece com muitas crianças e adolescentes. Por isso, em abril o Superior Tribunal de Justiça decidiu estender o tempo para que vítimas de abuso sexual busquem indenização contra o agressor. O prazo, agora, é indeterminado e passa a valer a partir do momento em que a pessoa adquirir total consciência dos danos causados a ela.
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Nos cinco primeiros meses de 2024, foram registradas 14.468 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no país, segundo o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Um levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que 64,4% das vítimas de estupros registrados no país são menores de 13 anos. Cerca de 10% destes casos são de crianças com menos de 4 anos.
Reconhecer sinais de forma precoce, oferecer apoio à vítima e denunciar o agressor são ações essenciais para proteger crianças e adolescentes do abuso sexual.
Reconhecendo sinais
As vítimas de abuso podem apresentar os seguintes comportamentos, segundo a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente:
1. Mudança de Comportamento – alterações de humor, agressividade ou introspecção, vergonha excessiva, medo ou pânico; rebeldia, ataques de raiva; comportamentos infantis, que a criança já abandonou anteriormente, como chupar dedos ou voltar a fazer xixi na cama;
2. Problemas de saúde sem causa aparente – enfermidades sem causa clínica aparente, como dores de cabeça, erupções na pele e alterações gastrointestinais;
3. Comportamentos sexuais – interesse repentino por questões sexuais ou brincadeiras de cunho sexual, com palavras ou desenhos que se refiram às partes íntimas.
De acordo com a advogada Alessandra Borelli, as crianças podem ter depressão, sentimento de culpa, vergonha e perda de autoestima. Em casos mais graves, podem desenvolver distúrbios de estresse pós-traumático.
Como denunciar
Denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes devem ser feitas, prioritariamente, no Conselho Tutelar da cidade ou pelo Disque 100. Elas também podem ser feitas:
– em delegacias especializadas no atendimento de crianças ou mulheres;
em qualquer delegacia de polícia;
– pelo WhatsApp (61) 99611-0100, que também faz parte do Disque 100;
– pelo 190, da Polícia Militar, em caso de risco imediato.
Com informações do SBT News