A Pinacoteca do Estado recebe uma programação gratuita neste sábado (3) para o público que celebra a potência do cinema potiguar: será estreia local do curta “Julião, Filhos da Praia” (2024), que compõe a Trilogia do Reduto, da cineasta Mônica Mac Dowell. A sessão começará às 17h30 e ainda contará com mostra das produções anteriores, “Rosa de Aroeira” (2020) e “A Deus Querer” (2022).
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A exibição faz parte da programação da exposição Faces do Reduto, que tem como inspiração e fio condutor os temas da produção cinematográfica que retrata o cotidiano e os saberes dos moradores da Comunidade do Reduto, próximo a São Miguel do Gostoso.
O inédito “Julião, Filhos da Praia” retrata o cotidiano dos pescadores da praia de Tourinhos, que enfrentam disputas por território e lutam pelo direito de permanecer em suas barracas, reafirmando seu pertencimento ao lugar. Já o primeiro curta da trilogia, “Rosa de Aroeira”, destaca a força das mulheres da região, que compartilham suas vivências ligadas à produção de farinha e ao bordado labirinto, símbolo de tradição e resistência que é Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte desde 2024. E “A Deus Querer”, segunda produção, acompanha a trajetória de Seu Dadá, guardião da memória e dos saberes da comunidade.
A ideia para a concepção dos curtas surgiu a partir da vivência da diretora na região do litoral norte potiguar. “Tudo começou quando comecei a frequentar a comunidade do Reduto com mais proximidade e conheci a casa de farinha, que me impactou profundamente. Vi mulheres reunidas, montanhas de mandioca, mãos ágeis em um ritual que vai além do trabalho – é um encontro, uma tradição passada de geração em geração. Aquelas imagens ficaram gravadas na minha memória e senti a necessidade de registrá-las. Comecei a filmar com o celular, capturando a essência daquele lugar e das pessoas”, explica Mônica Mac Dowell.
O que começou como uma simples admiração se transformou em uma trilogia de curtas-metragens, que agora está conectada à exposição Faces do Reduto. “Hoje, vendo a reação do público em geral e da comunidade do Reduto, em particular, fico feliz em perceber como a arte tem esse poder de emocionar e criar conexões. Presenciar as pessoas se reconhecendo na exposição, compartilhando suas histórias e se emocionando é algo que me toca profundamente”, relata.
Bate-papo e show completam a programação
Após as projeções, o público poderá participar de um bate-papo com a cineasta Mônica Mac Dowell e o curador Manoel Onofre, mergulhando nos processos criativos e nas vivências que deram origem às obras. A programação se encerra com uma apresentação da cantora Valéria Oliveira, que assina a trilha sonora dos três curtas e da exposição.
Neste show, Valéria se une a músicos talentosos, como Jubileu Filho (violão e bandolim), Jane Eyre (flauta e clarinete), Willames Costa (baixo e piano), e a participação de Rafa Barros (voz), para apresentar canções que compõem as trilhas dos filmes, além de outras músicas do cancioneiro popular que exploram temas da exposição, como natureza, roçado, mato e mar. Uma oportunidade única de vivenciar a sonoridade que ecoa a memória da comunidade.
Sobre a exposição Faces do Reduto
O que começou como uma simples admiração se transformou em uma trilogia de curtas-metragens, que agora está conectada à exposição Faces do Reduto. “Hoje, vendo a reação do público em geral e da comunidade do Reduto, em particular, fico feliz em perceber como a arte tem esse poder de emocionar e criar conexões. Presenciar as pessoas se reconhecendo na exposição, compartilhando suas histórias e se emocionando é algo que me toca profundamente”, relata.
As cinco instalações principais – Minha Terra, Minha Farinha, Meu Labirinto, Meu Mel e Minha Jangada – apresentam objetos, palavras e imagens que carregam a memória coletiva da comunidade. Placas de cerâmica feitas com argila e com barro do Reduto, sacos de farinha e de goma produzidas artesanalmente com etiquetas narrativas, rendas costuradas pelas artesãs locais, quadros de melgueira com falas de moradores extraídas dos filmes da Trilogia do Reduto e velas de jangada suspensas como se dançassem ao vento compõem um conjunto que evoca permanência, resistência e afeto.
Com curadoria de Manoel Onofre, a expografia da exposição foi criada por Rafael Campos, João Marcelino e Ângela Almeida. A proposta foi pensada para proporcionar uma experiência sensorial e imersiva, permitindo que o público se conecte profundamente com a história e a cultura do Reduto. Um dos destaques da exposição é a instalação de três metros de altura, criada com a técnica do bordado labirinto.
Além disso, a exposição conta com uma sala imersiva, desenvolvida por Will Amaral, a partir do roteiro de Mônica Mac Dowell. Essa sala proporciona uma imersão profunda nas tradições e memórias da comunidade, criando uma experiência emocional e sensorial única para o visitante. A disposição dos elementos e as interações com o espaço convidam o público a refletir sobre o legado cultural do Reduto de maneira envolvente e impactante.
