A influenciadora digital e apresentadora Virgínia Fonseca negou, nesta terça-feira (13), durante depoimento à CPI das Bets, que seus contratos com empresas de apostas online prevejam ganhos baseados nas perdas de seus seguidores. Ela respondeu às perguntas dos senadores como testemunha e afirmou que nunca existiu qualquer cláusula com esse tipo de previsão em seus acordos publicitários.
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Virgínia se comprometeu a entregar à comissão os contratos com as plataformas ‘Blaze e Esportes da Sorte’, com as quais já manteve ou ainda mantém parcerias. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, solicitou o envio dos documentos e citou reportagem da revista ‘Piauí’, publicada em janeiro, que a influenciadora classificou como tendenciosa.
“Se eu dobrasse o lucro da empresa, ganhava 30% a mais. Mas nunca com base em perda dos meus seguidores”, afirmou Virgínia.
CPI das Bets investiga influenciadores e empresas de apostas
Durante o depoimento, Virgínia declarou que segue todas as normas de publicidade exigidas pelo Conar. Ela ressaltou que as publicações sobre apostas online em suas redes sociais sempre trazem alertas sobre os riscos, como proibição para menores de 18 anos, necessidade de responsabilidade e riscos de perda.
Mesmo assim, a senadora Soraya apontou que teve dificuldades para encontrar os avisos nos conteúdos antigos da influenciadora. Virgínia explicou que, no início da parceria com essas empresas, as exigências eram diferentes das atuais.
A influenciadora também declarou desconhecer as acusações contra a ‘Esportes da Sorte’, investigada por lavagem de dinheiro. Ela negou qualquer envolvimento com irregularidades e reafirmou sua confiança na Justiça.
Virgínia respondeu ainda sobre os algoritmos das plataformas e afirmou usar a mesma conta dos demais usuários, sem favorecimentos. Segundo ela, joga, ganha e perde como qualquer pessoa.
Debates e próximos passos da CPI
A sessão foi marcada por debates entre os senadores. Enquanto alguns, como Jorge Kajuru (PSB-GO), defenderam a legalidade das ações de Virgínia, outros, como Eduardo Girão (NOVO-CE), alertaram para os impactos negativos do vício em jogos digitais.
Girão sugeriu que a influenciadora reavaliasse sua atuação com apostas. Virgínia respondeu que, apesar de estar refletindo sobre o tema, possui contratos vigentes que precisam ser cumpridos.
A CPI, que teve seu prazo prorrogado até 14 de junho, continua investigando o setor de jogos e o uso de influenciadores digitais para promoção de apostas. O objetivo é propor regras mais claras e responsáveis, visando minimizar os danos à população.
A relatora Soraya Thronicke prometeu um relatório final que reflita a complexidade do tema e garanta maior segurança para os consumidores brasileiros.
