O avanço de novas frentes de exploração de petróleo no Brasil gera preocupações entre especialistas ambientais. Ricardo Fuji, da WWF-Brasil, destaca que o país pode perder influência internacional se insistir em expandir a produção de combustíveis fósseis.
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Segundo Fuji, o Brasil tem pouca chance de competir com grandes produtores como Arábia Saudita e Catar. Esses países oferecem petróleo a custos mais baixos e com menor intensidade de carbono. “À medida que a demanda mundial cair, produtores menos competitivos perderão espaço”, alerta.
Além disso, o Brasil já possui reservas provadas suficientes até 2040. Um levantamento da InfoAmazonia mostra que, mesmo sem novas explorações, o país atenderia ao mercado interno até 2045. Em um cenário de transição energética global, essas reservas durariam até 2042.
Carolina Marçal, do ClimaInfo, reforça a incoerência entre a ampliação da produção de petróleo no Brasil e os compromissos climáticos firmados pelo país. “Não é para suprir a demanda interna. Exportamos petróleo, que será queimado em algum lugar e agravará a crise climática global”, ressalta.
Enquanto isso, a Petrobras defende a exploração da margem equatorial. Sylvia Anjos, diretora de exploração e produção, afirma que o país pode voltar a importar petróleo até 2035, caso novas descobertas não ocorram.
Contudo, especialistas propõem outro caminho. Marçal sugere o fortalecimento da industrialização verde, com base em energias renováveis. Ela argumenta que esse modelo promove inclusão, inovação e desenvolvimento sustentável. “A indústria do petróleo concentra renda e pouco contribui para o bem-estar coletivo”, observa.
O Brasil possui vantagens naturais no setor energético renovável. Fuji lembra que o país já lidera o uso proporcional de biocombustíveis e cresce em solar e eólica. Com isso, poderia influenciar rotas globais de transição energética, consolidando uma liderança mais sustentável.
